quarta-feira, 12 de março de 2008

Ser-se obeso na sociedade!


"Numa sociedade onde um corpo perfeito, esguio, saudavelmente musculoso, um caminhar de passo leve é cada vez mais aceite, assiste-se hoje a uma das mais perigosas e destrutíveis formas de discriminação. A obesidade é, sem qualquer dúvida, uma das mais perigosas formas de discriminação social. A aceitação pública dessa forma de discriminação, a preceito de uma defesa algo ambígua do bem-estar e da saúde, tem marcado as mentes do colectivo social, a ponto de se considerar como exemplo de uma mulher perfeita a que mais se aproxima da anorexia, a bulimia, enfim, a magreza escanzelada.
Ser-se gordo numa sociedade como a nossa significa para muitos viver em permanente auto-flagelação, privações de sentimentos tão simples como aceitar a forma de um corpo diferente, amar e ser amado. Significa, sobretudo, uma luta permanente contra um omnipresente preconceito que todos nós alimentamos a cada dia que passa.
Acontece que uma pessoa gorda não é discriminada por ser africana, chinesa, emigrante ou, ainda, por não ter uma perna ou um braço – como se isso, também fosse aceitável. É discriminada, pura e simplesmente, por ser gorda, por ser mais larga e maior do que o normal! Como se tivesse algum defeito de nascença, um sinal, uma doença contagiosa, um mau-olhado permanente. Carrega a todas as horas um fardo mais pesado do que o do seu corpo. O olhar omnipresente de quem critica para destruir, para se sentir superior. Se, por exemplo, está sentada em qualquer canto de um café, de um restaurante, logo é crismada de gorda, gulosa, feia e inútil."
Esta forma de discriminação é tão forte que a nossa sociedade permite que passem anúncios de televisão onde o gordo aparece sempre com a imagem de bobo da corte, de pessoa a quem nós podemos bater à-vontade, como se fossem bonecos insufláveis, nos braços, nas costas ou em qualquer outro local mais “fofo” porque… não vai doer… é gordo e por isso a gordura tapa-lhe a dor.

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